
É uma pequena homenagem que presto a um grande amigo!
O Gonçalo.
O Gonçalo era aquele tipo de gajo que nos deixava sempre bem dispostos, uma piada, uma "boca", havia sempre algo guardado para disparar na altura certa!
Gozão por natureza, não havia ninguém que escapasse à sua terrível critica humorista.
Hoje em dia a malta continua com esse espírito de critica mas nunca é a mesma coisa, ele faz muita falta.
Atacado por um cancro, passou dias de inferno mas lutou até a fim! Não merecia nada daquilo!!!
Há 8 anos atrás na madrugada do dia 3 de Novembro perdi um grande amigo, diria mesmo, irmão!
Foi daquelas voltas loucas que o destino de vez em quando, se lembra de dar!
Coisas que por mais que tenham explicação são sempre muito difíceis de compreender.
Recordo e continuarei sempre a recordar esse dia, como um dos piores da minha vida!
Há imagens que não vou conseguir esquecer e lágrimas que não vou conseguir conter mas felizmente vou guarda-lo sempre comigo no coração e em todas as recordações das coisas boas que nós vivemos!!!
São estas situações que nos vão fazendo crescer e nos vão dando razões para continuar a viver cada dia melhor que o outro...de certa maneira...vivendo por aqueles que infelizmente nos deixaram!
Os verdadeiros amigos são para sempre! Nao há barreiras de espaço, de tempo...nem de morte!!! Vais estar sempre connosco Gonçalo! Olha por nós.
E vistas bem as coisas...8 anos é muito tempo!
Caríssimo amigo,
ResponderEliminarPensei, num primeiro impulso, em não deixar qualquer tipo de comentário neste post, por respeito a ti e a quem já cá não está. Mas é com mais respeito ainda e profunda amizade que o comento. Quando perdemos um amigo, seja em que circunstância for, há uma parte de nós que vai com ele, e quanto a isso não há volta a dar. Passem os anos que passarem, a dor continua dentro de nós, sofrendo apenas ligeiras alterações, o que importa mesmo é que a memória que deles fica continue viva cá dentro e nos acompanhe pela vida fora até que chegue o nosso momento também.
Há uns anos diria que tudo isto são frases feitas, mas mudei a minha maneira de pensar quando perdi uma quantidade de pessoas que me eram queridas, da mesma forma que tu, contáveis apenas pelas flores que tenho na perna, tatuadas para mitigar a minha dor. Foi a minha forma de lidar com a perda irreversível, não consegui melhor. E sabes que mais? Mesmo esquecendo as flores, há momentos, sentenças, sorrisos que nunca vou esquecer e por muitas que tenha passado, sei que nunca vou saber aceitar a perda, sei que as lágrimas que ainda tenho parecem vir de uma fonte inesgotável. E o que se espreme de tudo isto? Que viver a par com a morte nos ensina o gosto e a força de lutar para estar aqui, como fizeram os que sempre nos são queridos. Que, por pior que nos pareça a vida que levamos, há sempre que querer mais dela, há que beber com sofreguidão a pouca água que nos oferece.
Carreguemos connosco as memórias felizes e aprendamos com elas a ser felizes também.
...Não sabendo bem por onde começar ou sequer se deveria começar, arrisco um desabafo, um suspiro asfixiante.
ResponderEliminarNa madrugada de há 27 anos atrás, o meu pai acordou-me para me dizer que eu já tinha um «manito».
Recordo a felicidade na sua voz e o brilho no olhar...
Volvidos 18 anos, coube-me a mim dar a pior notícia que um pai e uma mãe podem ter: o meu «manito» tinha morrido nos meus braços...
Não tenho medo das palavras...morreu o corpo do meu irmão Gonçalo.
As lágrimas não se controlam, demonstram uma dor e saudade intermináveis!
Jamais se repara uma perda assim.
Momentos há em que sinto a sua presença junto a mim, momentos há em que o ouço falar-me, momentos há em que chamo por ele e só me resta o silêncio...ainda assim nunca me sinto só, ele caminha a meu lado como sempre fez, como sempre fazem os irmãos.
Conforta-me saber que não o esqueces, que não o esquecem, que não acreditam, tal como eu, que o Gonçalo sucumbiu no dia em que o seu corpo cedeu naquela luta desigual.
Mesmo nos piores momentos nunca o Gonçalo lamentou a dureza e a crueldade da dor física que sentia, nunca perdeu o sentido de humor lancinante e nunca esqueceu os amigos!...
Orgulho-me da força que transmitia a outros tantos deambulantes pelos mesmos corredores...
A mensagem que nos deixa é a de que vale sempre a pena lutar por uma causa, vale a pena lutar por nós e pelos nossos, pelo seu bem-estar na nossa vida.
Nos momentos de desespero, a imagem que me ocorre e acalma é a da sua serenidade perante o sofrimento... a sensatez e resignação com que apaziguou os nossos pais na noite em que se preparou para partir.
Vale a pena lutar, em nome de uma felicidade MAIOR!
Aquela felicidade da chuva a bater na janela, de um mar revolto ou de pequenas grandes coisas como um sorriso sincero.
Acho que a maior homenagem que vos posso testemunhar é esta:
«Gonçalo, estão lá fora os teus amigos, queres que entrem?»
«...É melhor não...não quero que me vejam assim...»
Partilhou comigo a vossa importância na sua vida, o quanto significavam para ele e o quanto por isso mesmo, vos queria poupar a recordações menos boas de um jovem já de partida...
Ficaram assim, com a imagem dele mesmo, igual a si próprio, gozão como ninguém, mas AMIGO e IRMÃO sem mácula!
Nenhuma palavra descreve esta dor, nenhuma outra a alivia nenhuma reúne tal sentimento, mas apenas uma me lembro de te deixar: OBRIGADO...